Saturday, June 10, 2006

VÍCIO

Corre em minhas veias um vício, ele me suga o tempo todo, me transforma em algo que não sou. Fico acordado de noite andando pelo quarto apertado que é meu mais novo amigo, deito no chão pra sentir o gelado no meu corpo, sossego...paz.
O suor escorre como se fossem agua corrente jorrada de um rio sujo, poluido, que nem mesmo os loucos ousam entrar. Rio que não refresca, não dá peixe e não permite navega-lo.
Pesadelos terriveis, sonhos tristes e calor, muito calor. Me poupo de pensar, vivo inerte frente ao escuro da minha alma, meu vício me consome, tem meu corpo, tem, minha vida e meu pensamento. Sou mal, me machuco muitas vezes para poder ter a certeza que continuo vivo, quando percebo que ainda ando pelo mundo, eu choro.
Ontem saí correndo pela rua como um louco, acordei em um beco esfumaçado de um bairro qualquer, marcas de batons pelo meu corpo me jogava na cara minha culpa, minhas duvidas e meus crimes. Eram pensamentos terriveis, monstros se criavam a meu redor, sem controle e furiosos, comendo o concreto em que me apoiava, levando de mim minha amada, levando para longe meus carinhos e me fazendo esquecer que um dia fui bom, um dia amei e um dia sonhei em sonhar em paz.
Mas tinha o vicio, e ele corria a mais de cem pelas minhas veias, como que flutuando vivia meus dias, olhando no relogio, angustiado com a ideia de o tempo ser tão lento.
Queria que parasse, tudo, queria de repente ser só um movel de uma casa, ou um gelo que se derrrete e escorre pela pia, ou absolvido pelo alcool. Queria que tudo voltasse, que você voltasse, queria que meu vício parasse.
Já não tenho mais vontade, uma palavra certa não é sou, mas sim, era...

ESCONDERIJO

Eu estava tão longe, estava gostando de estar alí. Por muito tempo duvidei da felicidade e colocava em prova o destino com suas armadilhas.
Era um lugar bonito e calmo, suasmontanhas elevadas aos céus não tinham igual em qualquer outra parte que me lembro. Não havia barulho, nem mesmo uma unica voz, nem mesmo sons de passaros ou qualquer outro animal...não havia nada, nada.
Eu estava sentado em uma pedra pequena observando o mundo a minha frente, mostrei medo de voltar, chorei até não ter mais lagrimas, porem depois de dias a fio sem pensar, parei.
Chovia, as gotas eram como flexas no meu corpo. As nuvens que se formaram no ceú desenhavam a silhueta de um rosto de mulher, eu observava com tristeza e melancolia a cena, voltei a chorar.
Esta só...nem mesmo comigo eu estava. Precisava de alguem, falar, gritar e sentir, nem que fosse dor. Jurei aos céus nunca mais viver isso, porem muitas vezes não cumpro minhas juras, foi então que desisti, nesse exato momento, de novo, parei.
Estou só de novo, completamente só...

Wednesday, June 07, 2006

Cercas humidas

Cresci vendo gigantes lutarem ao redor de foqueiras, diziam uns para os outros que nada podiam derruba-los. Mentiram descaradamente jurando fidelidades e prometendo viagens e aventuras espetaculares.
Cresci aprendedendo a ver o tempo passar, sentindo brisas e ventos fortes, curtindo cama ou dormindo ao relento. Viví meio que suspenso,meio que transparente...longe de mim, longe de tí!
Cresci por mim, minhas pernas correram e minhas mãos acariciaram, meus dedos tocaram e minha boca sentiu gosto, amargo e doce, frio e quente, porém sou morno, feito de ferro fundido, trancado para fora de casa em noite de frio.
De repente parei de crescer, vi o mundo me engolir e me vomitar como comida estragada, felicidade passageira e tristeza infinita, fui pequeno, medio e grande, mas agora sou um reflexo de uma sombra, expulsa e crua.
Morri, frio e escuro, lagrimas jogadas fora de mulheres que não se lembram de mim e nem do meu rosto magoado. Canalha que sou disfarcei-me de morto, não esperando de verdade morrer, mas morri e agora estou aqui.
Eu parei de crescer...