Sunday, January 29, 2006

O SILENCIO

Deitado sobre um chão frio de um quarto qualquer penso em você, e o escuro da alma não é tão escuro quanto o vazio de estar só. Posso voar por lugares estranhos para todos, mas para mim ésó um caminho, curvas e curvas fazem seu corpo meu, e através de um toque posso sentir calor, através de uma frase errada posso sentir frio.
Nada é tão sincero como uma lagrima, mesmo que seja falsa torna-se verdadeira em algum ponto, no exato momento em que salta dos olhos como um filho rebelde que foge de casa. E a paisagem louca de uma janela embaçada pela garoa fina de São Paulo desenha sua face sorrindo frente ao esquecimento...Surrealismo, pintura em oleo prometida que nunca chegou a minha parede.
Musica em um velho radio, uma nota triste de um saxofone e uma gaita, dançam no nada e espelha minha espera...
Nossa distancia tão segura tornou-se cruel como um telefone que nunca toca, outrora me alegrava com uma melodia simples seguida da sua voz, mas agora é silencio e carta que nunca foi escrita. Mas é silencio e silencio me faz paz...é silencio e silencio me deixa sem dormir, contradiçoes de um ser barulhento como batidadas de coração que teima em bater pra voce...
Mas agora no peito é só silencio...e silencio me deixa sem dormir por dias e vidas.

Tuesday, January 03, 2006

GARRAFA VAZIA

Onde estou, como caminho lentamente e sem rua certa...meus olhos embaçados, mãos trêmulas, cara de bobo, voz embargada...
Nosssa como a noite voa, quem me deu esse destino...será que foi minha escolha ou me trancaram aqui para os lobos me cercarem mais rapidamente?
Ontem eu estava tão bem, sorrindo...sorriso falso mas sorriso facil,via todos felizes e cantando...gritos, gemidos e juras...nossa que loucura!
A janela da minha alma estava aberta e ela entrou, devagar e sem pressão...procurou um ponto fraco e se alojou, me dizia coisas belas, tinha voz suave e gosto bom, era perfeita para noite, perfeita para mim.
De todos os meus pecados tenho culpa, mas deste talvez tenha mais...vicio, fraqueza e carencia. Meus caminhos se desviaram e estava tonto...no meio da festa ela estava vazia, vazia como minha mente...vazia como minha vida, vazia como meus dias...eu precisava de mais, mais...muito mais.
Mas tudo que me resta é uma roupa velha, uma carteira sem notas e uma garrafa vazia...nem uma gota da minha soluçao, minha triste soluçao...pena de mim? Sim, com tantas escolhas erradas só isso me resta agora, desprezei familia, emprego...e filhos...sim, filhos...o mais velho ate gosta de mim, mesmo eu não tenha feito por onde.
Minha mulher, guerreira e bela tem agora nojo de mim, como pude ser tão cego tolo de desperdiçar um amor verdadeiro, desgastar, maltratar, bater na face de um anjo!
Estou agora em um carro, meu filho ao meu lado me olha com olhar de despedida, pena que não possa falar...doi muito, estou tão fraco vou morrer. O carro esta rapido e faz com que meu corpo quase se quebre, mas é necessario...afinal não posso morrer no carro, mas já estamos chegando...
Estou em uma cama, muitos ao meu lado gemem, familias com seu problemas e sua tristezas...é um hospital posso perceber, meu corpo de novo, que dor...meu filho esta aqui isso é bom, mas esta tão longe, ele esconde a tristeza e tenta ser forte, mas o que será que eu fiz de bom pra ele estar aqui ao meu lado? Minha mulher tambem esta, me acolheu em sua casa depois de tudo que eu fiz, meu vicio...minha garrafa vazia...eu quero viver pra concertar, mas a vida é justa, de um modo sirvo de exemplo de como tudo não pode ser, que bom ensino meu filho com minha morte...liçoes..ame, seja amado e naõ desista, fuja de tudo que é ruim fuja das ilusões de bares, essa ilusão que me trouxe ate aqui, seja voce mesmo e não o que a bebida o torna...fuja filho..corre!!
Falta- me o ar...acho que é agora, onde esta meu filho acho que ja foi embora...estou indo...esta doendo...doendo mais minha alma que meu cancer, é foi isso que disseram...é uma pena ter esvaziado tantas garrafas...é uma pena ter secado tantos copos e não secado tantas lagrimas, pena mesmo...desculpa.
Parou de doer...

Sunday, January 01, 2006

A LUZ CEGA OS OLHOS DO PIERROT

Onde está minha unica lagrima? A pouco estava aqui no meu rosto vi descer pelo meu peito e de repente correu de mim...
Que graça tem o pierrot? Não é palhaço e nem ter circo, usa a lona pra se cobrir no frio e o publico para pedir pena.
Que sentido tenho? Cego e triste sem colombina, amigo arlequim me leva a flor que plantei e aguei durante tempos.
Arlequim sou eu? Sem ceteza digo sim, mas se sou entao eu mesmo me causo problemas...
Vou pular, estou tão cego que posso errar o picardeiro...deixa eu ir....deixa eu ir!
Melhor um pierrot morto, posso ser só arlequim.

MEUS SONHOS, MINHAS MENTIRAS...

Meus sonhos são pedaços de desejos que nunca vão se realizar, são mentiras e promessas feitas no momento do tesão, são pecados pagos com sorrisos e juras de amor, beijos ardentes e corpos suados...são meus!
Se me pego a pensar em ti acordo, porque isso não é sonho, é desejo...e desejo não é bom...é pesadelo de verão...quente...insonia...dormir acordado.
Minto, sou mal...não presto, não sou eu...já fui um dia eu, mas hoje esqueci quem eu era...sou um rascunho de sinceridade. Preencho meus dias com cançoes, acordes no papel, finjo estar tudo bem mas o espelho me mostra a verdade, olheiras e abatimento, causa do esquecimento, purifico minha alma com um poema de amor, mas que poema é poema se não exise poesia sem amor...tenho amor, mas não tenho amada, minha amada não sabe o que é amor, e meu amor morre por ela mesmo sendo jogado no lixo... no meio de tantas contradições termino dizendo...morro por amor, mas como posso morrer duas vezes?

ESPERA

De novo sentado frente a um nada...esperando..esperando, os segundos passam lentamente e não consigo me livrar do tédio!
Nem o barulho da chuva na janela me encanta mais, nem mesmo aquela cançao que antes me tocava tanto, agora são só notas ao acaso e palavras vagas sem destino.Tudo parece tão inutil, minha vida esta tão vazia e sem graça...parada no tempo...parada em um sentimento que não passa apesar de tanta luta.
Estou cançado, fraco e sem esperanças, meu farol se apagou e só me resta uma vela, sou uma rosa pisada e sem espinhos e quem pisou nem sentiu dor ou pena, sou um escravo que não luta mais por liberdade, sou um carro sem freio, e uma estrada sem placas.
Fica tão frio meu quarto, fecho as portas mas o vento continua entrando, como se estivesse pouco a pouco me consumindo...frio...frio...meu corpo nú e trêmulo pede piedade, essa dor teima...teima!!
Neste transe me perco sem lutar, em lembranças, em sorrisos e juras de amor....estou só, meus amigos, espantei com minha arrogancia...
Agora só me resta dormir e esperar, tentar abrir os olhos de manhã e não ser eu, mas será que vale a pena, se ficassem fechados talvez teria paz, ou seria amado!
Onde está ela que não esta aqui comigo?
Vou indo...o frio ficou muito pior.